domingo, 9 de junho de 2013

Brasil, O País do Momento

Aqueles que viveram os anos 80 vão lembrar do jargão "Brasil, O país do futuro!" Nunca entendi direito, mas sempre achei que as coisas iriam melhorar. No entanto, os fatos mostravam outra realidade. Reportagem da veja relatava os 1 milhão de brazucas na estrada. Eu, e outros vários companheiros expats, fazíamos parte dessa estatística. Se o futuro é promissor, por que tanta gente indo fazer a vida fora? Início dos anos 2000 olhei para Brasil e disse, futuro é o cacete, isso aqui nunca vai pra frente. Nem preciso relatar as poucas e boas da nossa terrinha e seus políticos. Lembrando que quem bota o político no poder é a população, portanto somos todos responsáveis.
Acabei de mudar para o apartamento novo. Passei uns dois dias no processo por conta da internet, que não era disponível no novo apê. A verdade é que quinta à noite foi o primeiro dia que dormi por aqui. Como de costume, saí para dar uma olhada na vizinhança. Eram umas 19h da noite e fui fechar um negócio com um telefone que comprei para Cinthia. Por questões latitudinais, até 20h ou 21h da noite ainda é claro por aqui. A 50 metros de casa vejo um buteco com bandeira do Brasil e entrei pra ver qualé. Caipirinha e Mojito é o dueto de todos os bares por aqui, Brasil e México nunca foram tão próximos. Papo vai papo vem, 5 conterrâneos me dizem que aquele era o point brasileiro em Toulouse, do lado de casa! Não querem que eu termine o doutorado, juro por deus. Dei um tchau para a galera, já com uma pelada marcada para o final de semana e fui resolver a questão do telefone.
23h da noite é a hora para sair de casa, antes disso é happy hour. Depois de resolver as pendências fui no brazucas para dar uma olhada e 5 minutos foram suficientes para ver animação, tão lotado que não dava nem para chegar no balcão. Andar sozinho é sempre estranho, as pessoas te olham e não sabem se está esperando alguém ou se é maluco mesmo. O lado bom é que, não sei se por pena ou por outro motivo qualquer, sempre tem um mais maluco para puxar conversa. Resumindo a história, das várias pessoas que conversei na noite, sem contar os brasileiros, todos conheciam e amavam o Brasil. Ou a língua, ou a música, ou um namorado deixado pelas andanças no rio, sempre tinham uma versão alegre e interessante sobre nosso contexto. Me peguei lembrando dos meus anos nos EUA onde eu bravamente explicava sobre as delícias da nossa terra para ouvintes pouco interessados. Hoje sou questionado sobre a qualidade da música sendo exportada (ninguém merece "ai se eu te pego" em francês) se existe tanta coisa melhor.
O ponto principal é o seguinte, tenho orgulho de ser brasileiro, sempre tive. Ao contrário de nossos hermanos que dizem ser italianos e juram viver na Europa, ser brasileiro conta ponto. A diferença é que 10 ou 20 anos atrás o discurso era sempre futebol, mulatas, carnaval e de vez em quando feijoada (nunca vamos conseguir vender a idéia que partes menos nobres do porco com feijão preto é uma boa pedida). Hoje falam da cultura, dos costumes, da música. Os olhos brilhando e a boca salivando, pedindo por um pouco mais é claro na conversa destes amantes da Terra Brasilis. Independente dos problemas locais, mensalões, cuecas e amantes o Brasil mudou, pelo menos para quem está de fora. Mordo a língua, já deu certo. Brasil é a bola do momento, mas só conseguimos ver isso olhando de fora.

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